Um passeio pitoresco entre o
Bairro da Bica e o Cais do Ginjal. Um passeio onde apreciamos os contrastes da
inquietude da zona ribeirinha da cidade, com a calma da margem sul do Rio Tejo.
Sobre uma das colinas mais
ingremes da cidade, o Elevador da Bica desliza suavemente pelo carril,
atravessando todo o bairro. O casario forma uma moldura colorida ao longo do
trajecto, que só é quebrada pelas muitas escadinhas que serpenteiam o casario acompanhando
o ondular das colinas.
Em tempos a Bica foi refúgio de
marinheiros, casa de varinas e fadistas. Hoje o bairro ainda conserva esse
brilho, reflectido na malha urbana e nos muitos bares que se abrem à noite
trazendo vida nova ao local.
Já na Rua de São Paulo caminhamos
em direcção ao Mercado da Ribeira. Em tempos o centro nevrálgico do abastecimento
alimentar da cidade, ainda conserva a azáfama típica dos grandes mercados. Frutas,
legumes, peixes frescos, flores e gentes, dão lugar a um espectáculo vivo cheio
de cor, aromas e texturas. Os ruídos transformam-se em pregões, alegrias e
arrelias que fazem parte da arte de negociar. Tudo isto envolto pela arte do
ferro forjado e da azulejaria Portuguesa que torna este local único.
Depois da visita ao mercado,
depressa chegamos ao rio. Somos recebidos por uma brisa de ar fresca e um suave
cheiro a maresia. O cacilheiro orgulhoso da sua farda laranja espera-nos para
nos levar à outra margem.
Deixamos a agitação da cidade
para trás, e ao longe Lisboa no seu manto adornado pelo casario e monumentos,
parece querer abraçar-nos.
Em dez minutos chegamos a
Cacilhas. Um importante interface de transportes que liga a margem sul à cidade
de Lisboa, mas que ainda mantem a nostalgia de outros tempos.
Outrora foi terra fértil de
vinhedos e cultivo, porto de abrigo de marinheiros e ancoradouro de muitas
indústrias ligadas ao mar. Foi daqui, depois de se fornecerem de gelo e isco, que
muitos bacalhoeiros partiram rumo à Terra Nova e Gronelândia, em busca do bacalhau
que tanto nos caracteriza. Romarias de gente vindas do norte e do sul chegavam
a este local para se despedirem dos familiares que partiam para terras
longínquas. Hoje o Cais do Ginjal guarda memórias e restos de vidas cheias de
sonhos, espelhadas nos velhos armazéns que descansam à beira do rio. São ruínas
que parecem ser embaladas pelo ondular da água que bate suavemente no longo
muro de pedra.
Os pescadores encontram aqui o
sossego enquanto esperam que algum peixe morda o anzol, gaivotas sobrevoam os
velhos armazéns e nas pequenas enseadas crianças brincam alegremente. Só se
houve o seu riso e o chapinhar nas águas do rio.
Tão perto de Lisboa e ao mesmo
tempo tão distante. E mesmo assim Ela está lá… ao fundo a olhar para nós.
Quando a fome aperta viajamos até
ao centro de Cacilhas. Turistas e gentes da terra concentram-se nas muitas
esplanadas existentes na praça central. O peixe fresco abunda nos restaurantes
e o cheiro a sardinha assada paira no ar.
Provavelmente vindo dos muitos pescadores que pescam ao longo do rio, porque aqui o rio dá douradas, robalos, chocos, petingas e muito polvo.
A Igreja de Nossa Senhora do Bom
Sucesso, padroeira dos navegantes, o monumento em homenagem aos aguadeiros e o
farol, fazem parte do património histórico da população de Cacilhas. A igreja de
inspiração barroca, vestida de azul e branco, faz-nos lembrar o rio, o chafariz
é uma homenagem aos aguadeiros que em tempos carregavam a água da mina do
ginjal para abastecer a população, e o farol, símbolo de alerta e guia para
muitos navegadores que dominavam as águas em tempo de nevoeiro.
No regresso a Lisboa, o
cacilheiro espera-nos. Dizemos adeus a Cacilhas, na certeza de um dia voltarmos
para mais um passeio junto ao rio.
Contactos:
Tel.: 910149840
Se pretende um passeio só para o seu grupo, contacte-nos!
Desfrute de momentos e experiências para mais tarde recordar.
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